Por Kátia Patriota
É impressionante como uma minissaia conseguiu, em tão pouco tempo, tanta audiência. Pois bem, o Brasil passa por um momento, grandioso por sinal, de superficialidade, besteirol, vulgaridade. É comum vermos programas de entretenimento onde o corpo da mulher é usado e abusado. Ouso a dizer que cerca de noventa por cento da programação nacional da TV trata sobre cirurgia plástica, fofocas, brigas domésticas, remédios para isso e aquilo e violência. Profissionais na área de psicologia usam os sentimentos das pessoas e seus conflitos nos programas sensacionalistas. Há “formadores de opinião” para qualquer assunto, sem medo de errar, nós precisamos é de formadores de caráter. Estamos num grande apagão cultural. Não se discute nada de profundo, alternativas para o país.
É certo que se escolas e universidades formassem cidadãos para o equilíbrio social e moral do país, certas discussões fúteis e exarcebadas como essa da minissaia da aluna na universidade paulista não prosperaria.
O que me leva a crer é que questão não está na altura do vestido da aluna, mas como, onde e por que foi usado. O lamentável é que os microfones e páginas estão nas mãos de “formadores de opinião”, ou pelo menos deveriam sentir-se responsáveis por isso, mas apenas usaram o assunto para aumentar audiência e tiragem. Para completar a decadência, demonstrando uma notória pobreza cidadã,a revista Isto É critica a Universidade por seu interesse mercantilista, no entanto e recentemente a referida revista tem como capa à minissaia, não se sabe na verdade quem é mais mercantilista.
Lógico que o quadro poderia ser diferente se simplesmente a Universidade (professores, psicólogos), como chave responsável pela formação do alunado, tivessem conversado com a aluna, com o propósito de ajudá-la, evitariam assim a desmedida atitude dos demais alunos.
Contudo, partimos para o início de uma nova cena brasileira, tudo se repete, a jovem aluna é convidada para posar nua, bem como desfilar na escola de samba Porto da Pedra, e o mais certo é que brevemente poderá ter seu espaço televisivo e ser mais uma formadora de opinião. Tudo isso, claro, com a ajuda da TV Globo que no dia 15 de novembro promoveu o livro e o filme da ex-prostituta Surfistinha, a garota da minissaia e o concurso Menina Fantástico, a Proclamação da República, data histórica para o povo brasileiro não foi considerado plausível a pelo menos 30 segundos de fala.
Ainda veremos muitas capas de revistas e jornais discutindo tão “relevante tema”.
Quanta pobreza cultural.
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