Por Edmilson Borret, professor de Português
Já que sou professor de literatura, dediquei alguns minutos do meu precioso tempo para me debruçar sobre a letra desse "fenômeno" de crítica e público que assola as rádios e tv's, não só do Brasil, mas também do mundo: "Ai, se eu te pego", desse grande artista chamado
Michel Teló. Uma letra de música tão profunda, filosófica e poética como essa merece, sem sombra de dúvida, uma análise literária mais esmiuçada...
Então vamos lá!
"Delícia, delícia
>Assim você me mata"
Nos versos acima, nota-se de imediato que o eu lírico expressa metaforicamente seu deleite sexual, chegando mesmo - pode-se dizer - a um estado de clímax sexual, um orgasmo. Entretanto, à medida que avançamos na leitura da letra da música, percebemos logo no verso seguinte uma ideia parodoxal que nos leva a constatar que talvez o eu lírico, através de um eufemismo muito bem elaborado, aponte para uma das práticas difundidas na tradição literária ocidental, principalmente a partir do Romantismo. Observem o verso:
"Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"
A anáfora presente nesse verso, com a repetição da interjeição "ai", mais uma vez denota a ideia de deleite, de clímax sexual. Entretanto, através do papel hipotético conferido pela conjunção condicional "se", percebe-se que o eu lírico não chegou, de fato, a um enlace, a uma conjunção carnal com o objeto de seu d esejo: o "ai se eu te pego" signicando algo como "ai, como eu gostaria de te pegar" ou "ai, se eu pudesse te pegar" (levando-se em consideração também o neologismo já absorvida pela linguagem coloquial quando ele usa o verbo "pegar" para significar o ato sexual).
Ou seja: se, nos dois primeiros versos, o eu lírico expressa seu deleite, seu clímax sexual, seu orgasmo; mas, logo imediatamente, nos dá dicas de que o enlace sexual não ocorreu de fato, somos forçosamente levados a considerar que o eu lírico é...
Um punheteiro de marca maior!
E essa porcaria vende, meus amigos.
(Edmilson Borret)
Já que sou professor de literatura, dediquei alguns minutos do meu precioso tempo para me debruçar sobre a letra desse "fenômeno" de crítica e público que assola as rádios e tv's, não só do Brasil, mas também do mundo: "Ai, se eu te pego", desse grande artista chamado
Michel Teló. Uma letra de música tão profunda, filosófica e poética como essa merece, sem sombra de dúvida, uma análise literária mais esmiuçada...
Então vamos lá!
"Delícia, delícia
>Assim você me mata"
Nos versos acima, nota-se de imediato que o eu lírico expressa metaforicamente seu deleite sexual, chegando mesmo - pode-se dizer - a um estado de clímax sexual, um orgasmo. Entretanto, à medida que avançamos na leitura da letra da música, percebemos logo no verso seguinte uma ideia parodoxal que nos leva a constatar que talvez o eu lírico, através de um eufemismo muito bem elaborado, aponte para uma das práticas difundidas na tradição literária ocidental, principalmente a partir do Romantismo. Observem o verso:
"Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"
A anáfora presente nesse verso, com a repetição da interjeição "ai", mais uma vez denota a ideia de deleite, de clímax sexual. Entretanto, através do papel hipotético conferido pela conjunção condicional "se", percebe-se que o eu lírico não chegou, de fato, a um enlace, a uma conjunção carnal com o objeto de seu d esejo: o "ai se eu te pego" signicando algo como "ai, como eu gostaria de te pegar" ou "ai, se eu pudesse te pegar" (levando-se em consideração também o neologismo já absorvida pela linguagem coloquial quando ele usa o verbo "pegar" para significar o ato sexual).
Ou seja: se, nos dois primeiros versos, o eu lírico expressa seu deleite, seu clímax sexual, seu orgasmo; mas, logo imediatamente, nos dá dicas de que o enlace sexual não ocorreu de fato, somos forçosamente levados a considerar que o eu lírico é...
Um punheteiro de marca maior!
E essa porcaria vende, meus amigos.
(Edmilson Borret)
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